domingo, 27 de dezembro de 2015

Papas caseiras - Parte 2

Cá em casa, continuamos a apostar na confeção de papas caseiras.

Confesso que, sem a Bimby, não seria tão fácil levar avante esta decisão de dar à nossa bebé uma alimentação mais saudável, sem açúcar, sal e outros aditivos, presentes nas papas industriais. Mas foi maioritariamente a pensar nela que decidimos fazer este (grande!) investimento quando nasceu. E só pela utilização quase diária que dou à Bimby devido às papas, já sinto que compensa.

Hoje partilho mais algumas receitas de papas que a bebé tem comido. Normalmente, cada receita dá para duas doses, pelo que num dia come a papa ainda morna e a restante guardo no frigorífico para o dia seguinte. Ela gosta igualmente de a comer assim fresca.

Tivemos de eliminar o trigo da sua alimentação, pois descobrimos que fazia uma reação alérgica cutânea sempre que o consumia. O mesmo aconteceu com o glúten.


Papa de arroz, pera e dióspiro (sem glúten)

  • 4 colheres de sopa de arroz integral
  • 210 g de água
  • 1 pera
  • 1/2 dióspiro
Colocar o arroz no copo e pulverizar 20 seg / vel 9.
Juntar os restantes ingredientes e cozinhá-los 16 min / 90° / colher inversa.
Triturar 30 seg / vel 3, 5 , 7.
 
Papa de quinoa, alfarroba e maçã reineta (sem glúten)

  • 2 colheres de sopa de farinha de quinoa
  • 2 colheres de sopa de farinha de alfarroba
  • 200 g de água
  • 1 maçã reineta
Cozinhar todos os ingredientes 16 min / 90° / colher inversa.
Triturar 30 seg / vel 3, 5 , 7.


 
 
Papa de farinha 3 ÁS * com pera e maçã (sem glúten)

  • 4 colheres de sopa de farinha 3 ÁS
  • 200 g de água
  • 1 maçã
  • 1 pera
Cozinhar todos os ingredientes 16 min / 90° / colher inversa.
Triturar 30 seg / vel 3, 5 , 7.

* farinha de arroz, alfarroba e araruta (comprei no Celeiro)

Atualmente, após sugestão de uma leitora, cozinho as papas todas a 8 min / 90 ° / colher inversa. Fiz esta alteração porque percebi que este tempo de cozedura é suficiente para dar a consistência necessária às papas.

sábado, 10 de outubro de 2015

A nossa bebé come que dá gosto!

Cá em casa, temos uma bebé que come muito bem!

Contudo, quem nos tem seguido e leu o que escrevi, quando iniciei a alimentação complementar aos seis meses em BLW, e ao fim de um mês de avanços e recuos, sabe que nem sempre assim foi...
De facto, a nossa bebé começou por não revelar qualquer interesse pela comida, nem em experimentar novos sabores... Fomos alternando entre diferentes estratégias relativamente à forma como lhe disponibilizávamos os alimentos, e tentámos não ficar ansiosos pelo facto de os recusar. Para isso, contribuiu de forma fulcral o facto de eu ter prolongado a minha licença, encontrando-me em casa, a acompanhar esta sua fase de transição alimentar a cem por cento e continuando a amamentá-la em livre demanda.
Apesar de quase não comer, como mamava bastante, a minha filha continuou a aumentar o peso de acordo com o esperado e eu sentia-me tranquila em relação ao facto de ela estar a receber todos os nutrientes de que necessitava.
Na verdade, mamou quase em exclusivo até aos sete meses e meio...

 
Entretanto, começou por aceitar algumas frutas, usando as suas mãos para as comer, ora com ora sem a nossa ajuda. A primeira vez que abriu a boca de forma voluntária para comer uma colherada foi igualmente com fruta, mas cozida. Depois começou a aceitar também as papas e só de seguida as sopas. Quando decidi introduzir carne na sopa, houve uma mudança positiva na sua aceitação. E de três ou quatro colheres passou a cinco ou seis, depois a sete ou oito e assim consecutivamente, sem pressas nem pressões, até ao ponto de comer um boião inteiro dos que uso para armazenar e congelar a sopa.
 
E o que come atualmente, com nove meses? Desisti do BLW?
Ao acordar, mama. Come papa caseira a meio da manhã. Ao almoço, sopa de legumes com carne, e fruta.  Mama novamente a meio da tarde uma ou duas vezes. Janta sopa de legumes com peixe, tendo fruta como sobremesa. Mama outra vez ao deitar e nas vezes em que acorda durante a noite.
Pode-se dizer que desisti do BLW, pois a oferta de alimentos inteiros para serem explorados por ela, apesar de não ter sido eliminada das nossas rotinas, passou a ter um lugar menor. De facto, apenas a fruta lhe é dada inteira e não toda. Manga, pêssego, ameixas, melão são alguns exemplos de frutas que ela gosta de comer sozinha. Para além disso, não come a nossa comida e nem sempre come ao mesmo tempo que nós (ela quer jantar antes das sete da tarde!).
No entanto, é ela que decide quando quer comer e em que quantidade. Ninguém a força quando se mostra satisfeita, nem são usados distratores durante as refeições. Os alimentos não são demasiado triturados e alguns são apenas grosseiramente esmagados (não esquecendo os que lhe são dados inteiros), pelo que a sua capacidade de mastigação continua a ser treinada. Também procuro que conheça o sabor dos alimentos individualmente, pelo que quando introduzi o peixe, por exemplo, dei-lho a provar antes de o inserir na sopa (sendo que não se fez rogada!)...


Quando começar a comer um segundo prato, talvez volte a disponibilizar-lhe mais alimentos inteiros...

Por agora, sinto-me satisfeita com a escolha que fizemos em relação à sua alimentação...
Aliás,  não foi sequer uma escolha! Foi uma adaptação aos seus comportamentos, uma experimentação e uma aprendizagem diárias.
E que resultou (até ver!) numa bebé feliz à mesa! Uma bebé que prova tudo o que lhe damos sem receio e que aprecia todos os alimentos que já conhece sem exceção!

É por isto que defendo que todas as mães deveriam ter a oportunidade de acompanhar os seus bebés neste processo, como eu o fiz. A licença de maternidade não só deveria estender-se até aos seis meses, para que os bebés pudessem mamar em exclusivo até essa altura, como é preconizado pela Organização Mundial de Saúde, mas também alargar-se para além disso, permitindo que a introdução dos alimentos sólidos fosse vivida com serenidade e sem pressas, independentemente do método utilizado!

Se clicar nos links seguintes, terei um pequeno ganho sem nenhum custo adicional para si. Desde já, agradeço!
 

domingo, 4 de outubro de 2015

Natação para bebés

Cá em casa, iniciámos as aulas de natação para bebés.
 
 
Apesar de reconhecer os benefícios (que referirei mais adiante) da natação para bebés, não estava muito certa de querer começar algum tipo de atividade estruturada com a minha filha, sendo ela tão pequena (atualmente tem 9 meses).
 
Sou professora de 1° ciclo e apercebo-me da quantidade de atividades extracurriculares que a maioria das crianças frequenta, deixando-lhes pouco tempo para a brincadeira livre.
Vivemos numa sociedade em que a oferta de formação desportiva, artística e intelectual para crianças é variadíssima. Torna-se difícil resistir-lhe! Todos queremos o melhor para os nossos filhos, dando-lhes a oportunidade de desenvolverem as suas capacidades inatas, melhorarem as suas características menos boas, descobrirem aquilo de que gostam através da experiência... E são muitas vezes as próprias crianças a quererem aprender isto, praticar aquilo, experimentar aqueloutro... Há dias, os meus alunos (unanimemente!) disseram-me que preferiam ter vidas muito preenchidas, com muitas atividades, em detrimento de dias com muito tempo livre, desocupado!
 
Com receio de cair nesta "armadilha" e de aos sete anos ela já frequentar o piano, o inglês, o ténis e o ballet, estive prestes a adiar esta experiência... O que me fez mudar? O entusiasmo crescente da minha bebé em relação à água do mar e o à vontade que revelou quando fomos à piscina este verão.
 
 
Assim que percebe que vamos à praia, fica felicíssima! E quando põe os pés na areia, é vê-la puxar-nos para caminhar para a água. As ondas batem-lhe nas pernas e na barriga e ela continua a querer avançar para dentro do mar, com enorme satisfação e sem qualquer tipo de medo.
Na primeira vez em que esteve numa poça com água pelo peito, deitei-a e espontaneamente começou a "nadar".
Então, pensei que seria divertido e enriquecedor que ela tivesse contacto com água mesmo nas estações mais frias que se aproximam.
 
Não me enganei! Ela comportou-se como um peixe na água e só choramingou quando saímos da piscina, pois queria mais!
 
 
Desta prática, de entre muitas vantagens, destaco as seguintes:
A natação melhora a coordenação motora e o equilíbrio, bem como as noções espaciais, o que poderá ter uma influência positiva na aprendizagem do gatinhar e do andar. Fortalece o sistema cardiorrespiratório e o sistema imunitário. Os exercícios realizados num ambiente aquático com uma temperatura agradável ajudam ao relaxamento do bebé, com consequências ao nível da melhoria do apetite e da qualidade do sono. 
E, para mim talvez seja esta a mais importante, desenvolve a sua autonomia e desenvoltura no meio aquático, que serão essenciais para evitar possíveis situações de perigo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, morrem mais de 140 mil crianças com menos de 15 anos por afogamento todos os anos!
 
Assim, enquanto a minha filha se mostrar motivada para frequentar estas aulas, as nossas manhãs de sábado, outrora (já bem distante!) gozadas debaixo do edredão, serão alegremente passadas debaixo de água!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Papas caseiras - Parte 1

Cá em casa, oferecemos papas caseiras à bebé.
Ultimamente são cada vez mais os alertas dados quanto aos malefícios do consumo de açúcar, em especial por parte das crianças. Contudo e surpreendentemente, muitos dos produtos comercializados como sendo adequados para esta faixa etária continuam a incluir açúcar na sua composição. É o caso das papas!
Algumas incluem também sal. No entanto, os rins dos bebés não estão ainda suficientemente desenvolvidos para conseguirem fazer a sua correta filtragem...
Por isso, porque acredito que quanto menos produtos processados a minha bebé consumir melhor, e porque preparar uma papa em casa é mais fácil do que parece à primeira vista, tomei esta decisão!

Introduzi as papas depois dos sete meses, um pouco mais tarde do que o aconselhado pelos médicos, porque queria que a minha filha se habituasse primeiro ao sabor das sopas e dos diversos vegetais e  isso parecia nunca mais acontecer... Como tal tendia a demorar, dadas as dificuldades que já relatei, acabei por decidir dar-lhe papa antes mesmo de ela revelar algum prazer em consumir os referidos alimentos.

Nessa altura, ao fazer as minhas pesquisas, aprendi que era importante que as crianças tivessem contacto com alimentos contendo glúten antes dos sete meses (e depois dos três). Se isso não acontecer (se existir uma predisposição para tal), há uma maior probabilidade de poderem desenvolver a doença celíaca.
A doença celíaca é uma doença auto-imune que se caracteriza por uma intolerância ao glúten. Ao ser consumido, o sistema imunológico é ativado, atacando o intestino delgado. Este fica com lesões que não permitem que seja feita uma correta absorção dos nutrientes.
A minha bebé estava com sete meses e meio, quando soube disto. Por isso, apressei-me a fazer a passagem das papas sem glúten para as com glúten.
Até agora, nenhuma reação negativa! Contudo, os primeiros sinais da doença podem aparecer até aos vinte meses. Há que estar atento a diarreia, barriga inchada, perda de apetite e de peso e irritabilidade, pois são estes os principais sintomas.
Partilho então algumas papas que a bebé já experimentou. Fiz todas elas usando a Bimby, mas podem ser cozinhadas de forma tradicional.

Papa de alfarroba, quinoa e pera (sem glúten)
  • 1 colher de sopa de farinha de alfarroba
  • 1 colher de sopa de quinoa
  • 1 pera
  • 120 g de água


Cozinhar todos os ingredientes 8 min / 90° / vel 1.
Triturar 30 seg / vel 3, 5 , 7.


Esta papa foi a primeira que fiz e teve muito boa aceitação por parte da bebé. Eu, que nunca fui grande fã de papas, também gostei. Penso que, até no caso de crianças mais velhas, pode ser servida como uma sobremesa saudável, pois o seu aspeto é muito semelhante ao de uma mousse de chocolate e o seu sabor é muito adocicado.

Papa de arroz branco, pera e pêssego (sem glúten)
  • 2 colheres (sopa) de arroz branco
  • 1 pera
  • 1/2 pêssego
  • 150 g de água

Pulverizar o arroz 15 s / vel 9.
Juntar a pera e a água, e cozinhar 8 min / 90° / vel 1.
Adicionar o pêssego.
Triturar 30 seg / vel 3, 5 , 7.
Apesar de ter triturado os grãos de arroz, para fazer farinha, houve um ou outro que escapou e ficou maior. Por isso, em algumas colheradas, foi acionando o reflexo gag e, julgo que por esse motivo, ela não gostou tanto desta papa como da anterior.
Mas foi só no primeiro dia, pois já a fiz novamente e ela não se fez rogada!

Papa de aveia, abóbora e pêssego (com glúten)
  • 2 colheres (sopa) de flocos de aveia
  • 125 g de abóbora
  • 1 pêssego
  • 120 g de água

Colocar a água e a abóbora no copo e cozinhar 6 min / 100° / vel 1.
Juntar a aveia e cozinhar mais 8 min / 90° / vel 1.
Adicionar o pêssego.
Triturar 30 seg / vel 3, 5 , 7.

Acabada de regressar a casa de férias, queria fazer uma papa com glúten, para a minha bebé provar. Pensei usar maçã, mas a única fruta que tinha era pêssego. No frigorífico, encontrei um resto de abóbora e decidi arriscar. Quem diria que pela primeira vez a bebé iria comer mais de sete colheres? Surpreendentemente, a tigela ficou vazia! No dia seguinte, comeu outra porção semelhante (tenho dividido a quantidade de cada receita em duas doses, porque ela ainda come muito pouco), desta vez fria, com igual entusiasmo!

E eu também ando entusiasmada com as papas! Tenho percebido que não há limites à criação... Basta pôr a imaginação a funcionar e mãos à obra! Hei de partilhar mais receitas...

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Despertares noturnos

Cá em casa, a nossa bebé acorda várias vezes durante a noite.
Lembro-me de, nas primeiras consultas de rotina da bebé, a enfermeira perguntar com que regularidade a minha bebé mamava e se, durante a noite, já fazia intervalos maiores... Respondi-lhe que sim, até porque a essa data isso era mesmo verdade! De noite, ela chegava a fazer intervalos de três ou quatro horas, mas de dia era comum mamar a cada duas horas, no máximo.
Na altura, apesar de dar de mamar em livre demanda, acreditava que era normal que, ao fim de pouco tempo, todos os bebés dormissem a noite inteira. Pensava que gradualmente ela iria pedir para mamar menos ao longo da noite, até dormir um sono completo, e que isso aconteceria nos primeiros meses de vida.
Efetivamente, é isso que a maior parte das pessoas espera. Essa é a ideia que está instaurada nas nossas mentes, porque é isso que nos tem sido transmitido...
No meu caso concreto, conta a minha mãe que sempre dormi muito, de dia e de noite. E que, mal cheguei a casa, após uma semana na maternidade (em que os bebés ficavam no berçário durante a noite e não junto das mães), já dormia cerca de sete horas seguidas!

Com a minha bebé isso ainda nunca aconteceu...
Perto dos três meses, chegou a fazer sonos de cinco horas, mas foram a exceção à regra. A seguir, começou a reduzir a duração dos mesmos e passaram a ser mais curtos do que eram ao fim do primeiro mês. Atualmente, com sete meses e meio, o mais comum é acordar a cada duas ou três horas. Mas já teve dias em que desperta ao fim de pouco mais de uma hora...
Estarei à beira de um ataque de nervos? Não...
Acredito agora que o "normal" é os bebés acordarem frequentemente ao longo da noite. Os que não o fazem não têm nada de "anormal", só não são a maioria, como tem sido preconizado.

Porque é que os bebés acordam?
Os motivos vão variando em função das diferentes etapas de desenvolvimento do bebé, uma vez que o sono é um processo evolutivo, que se vai alterando ao longo das nossas vidas. Contudo, fazendo uma abordagem mais geral, destacam-se a necessidade de segurança, de alimento e a adaptação às fases do sono.
Assim, um dos motivos para os seus despertares é a necessidade de saberem que quem cuida deles está por perto. Pensando na carga genética que carregamos, os sobreviventes da nossa espécie foram aqueles que conseguiram manter os seus progenitores por perto para os defender dos perigos.
Também acordam para mamar, estimulando deste modo a produção de leite, já que os níveis se prolactina (hormona responsável pela produção de leite) são mais elevados durante a noite.
Para além disso, os recém-nascidos têm apenas duas fases do sono. Acordam frequentemente na passagem de uma fase para a outra.  Entre os quatro e os sete meses, irão adquirir as cinco fases que caracterizam o sono de um adulto. Passam então por uma etapa de instabilidade, também com vários despertares. Isto explica o porquê de, a dada altura, a minha bebé ter começado a fazer novamente sonos mais curtos, como já referi.
Perguntam-me muitas vezes: "A bebé dá-vos boas noites?" E eu respondo que sim, porque é isso que sinto desde o início.
Deito-a por volta das oito e meia da noite e ela acorda definitivamente perto das nove da manhã. Durante a noite, acorda, mama e adormece. E eu acompanho o seu ritmo! Às vezes mal despertamos. Às vezes, adormeço quando ela ainda está a mamar!
O facto de ter colocado a cama dela, sem uma das grades, encostada à minha facilita muito esta dinâmica.

 

Na maior parte das noites, não me incomoda acordar algumas vezes, nem o sinto como um fator de cansaço. Digo "a maior parte", porque já existiram dias que em que acordei cansada e desejando poder dormir mais de doze horas seguidas! Mas não acontece isso com toda a gente, até mesmo com quem não tem filhos?

Se clicar nos links seguintes, terei um pequeno ganho sem nenhum custo adicional para si. Desde já, agradeço.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Baby-Led Weaning e Introdução Alimentar Tradicional - avanços e recuos

Cá em casa, não tem sido fácil a introdução de alimentos sólidos.

Quem acompanhou esta publicação, sabe que tínhamos decidido fazer esta iniciação seguindo o método Baby-Led Weaning, mas que fomos surpreendidos pela falta de interesse da nossa bebé em explorar os alimentos...

O que nos motivou a experimentar este método foi o facto de tanto eu como o pai (tal como grande parte das pessoas!) termos tido grandes lutas às refeições, quando éramos crianças. Lembro-me de ficar tempos sem fim em frente ao prato, no refeitório vazio da escola, enquanto os meus amigos brincavam no pátio. Contam-me que tirei o pio a um canário por bater na gaiola, enquanto a minha avó tentava distrair-me para que comesse um pouco mais. E hoje sou uma pessoa gulosa, que na maior parte das vezes come para além daquilo que precisa efetivamente. No que toca ao pai, não come muito, mas come com pouca qualidade e tem muita dificuldade em aceitar novos sabores.

No Baby-Led Weaning, a criança come sozinha. Assim sendo, habitua-se desde sempre a comer quando tem fome e parar quando está saciada, sendo menos provável que, mais tarde, venha a sofrer de distúrbios alimentares.
As lutas às refeições também deixam de existir, bem como a necessidade de entreter a criança com aviõezinhos ou com desenhos animados. Ninguém vai dar-lhe comida diretamente e muito menos obrigá-la a comer, por isso estas situações deixam de acontecer.
A criança aprende ainda a distinguir o sabor de cada um dos alimentos e desenvolve um paladar mais abrangente. Sabe também que se não gostar de algum alimento, não tem de o comer. Deste modo, mostra maior predisposição para provar novos alimentos ao longo da vida.


Mas as vantagens não ficariam por aqui.
Rapidamente o bebé passa a comer o mesmo que toda a família (sem ser necessário preparar refeições especiais para ele).
O facto de ser o bebé a conduzir a comida à sua boca ajuda ao desenvolvimento da coordenação motora olho-mão.
Como os alimentos não são triturados, também a capacidade de mastigação é desde cedo trabalhada, com repercussões positivas no desenvolvimento da fala.

A maior vantagem, contudo, seria a passagem de um tipo de alimentação para outro, de forma natural, sem traumas associados, mas sim com a alegria e o entusiasmo que caracterizam todos os processos de aprendizagem vividos pelo bebé.

Contudo, a nossa bebé mostrou ser uma bebé atípica! Embora seja muito atenta a tudo o que a rodeia, revele curiosidade e mostre interesse em explorar tudo aquilo com que contacta, os alimentos mostraram ser uma exceção. Depois de os colocar na boca uma primeira vez, a alegria desvanecia-se... Ao fim de alguns dias nisto, o entusiasmo esfumava-se de tal forma, que fazia de conta que nem estava a ver os alimentos em cima do tabuleiro!
Provavelmente não estava ainda preparada para iniciar a alimentação complementar... Mas só tínhamos até ao início de setembro para fazer esta transição (mesmo assim mais tempo do que a maioria dos casos), altura em que regresso ao trabalho.

Numa tentativa de perceber o que se adaptava melhor a ela, fomos alternando entre disponibilizar-lhe os alimentos, tentar dar-lhe sopa à colher e deixá-la explorar a sopa com a colher e com as mãos.

Se de início a banana até lhe suscitou um ligeiro interesse, ao fim de uns dias nem olhava para ela, quanto mais segurá-la! O mesmo aconteceu com a cenoura, na qual se recusa a pegar. Quanto aos brócolos e à couve-flor, por exemplo, desfá-los completamente com as mãos mas não chega a prová-los.
Se num dia ou outro até permitia que lhe colocássemos duas colherzinhas de sopa na boca, no dia seguinte começava a chorar ao fim da primeira tentativa e nós não insistíamos...
Se, nas primeiras vezes em que a deixámos brincar com a colher e com a tigela, ainda comia alguma sopa, passado pouco tempo, começou a atirar as colheres para o chão, mexendo na sopa com as mãos, mas nunca as levando à boca.


Quase um mês depois, estava a ficar verdadeiramente desanimada... Nada estava a resultar! E o que parecia que até tinha resultado ligeiramente num dia rapidamente deixava de ser eficaz!
Mantive sempre a calma exterior em todas as refeições falhadas, mas confesso que interiormente estava a começar a sentir-me desgastada e um pouco perdida.
Deveria obrigá-la a comer? Não acreditava que tal fosse a decisão acertada... Mas se ela também não pegava nos alimentos sozinha, que outras opções existiam?

Ao longo deste tempo e das referidas tentativas, acabei por utilizar à experiências um utensílio, que me foi oferecido por um amigo, quando a bebé nasceu. Chama-se ClevaFeed e é uma espécie de chucha, mas como uma tetina de silicone um pouco maior, perfurada e em cujo interior se colocam os alimentos. À medida que o bebé vai chupando, pedaços dos alimentos vão sendo libertados, passando por esses pequenos furos.


A primeira vez que o usei, disponibilizara um pedaço de pêssego à minha bebé e, assim que ela lhe tocara com os dedos, tinha o ignorado completamente. Então coloquei o mesmo pedaço no ClevaFeed e ela sugou-o com gosto.
Fiquei com a ideia de que, apesar de gostar do sabor, não gostava de sentir sua a textura. Mais tarde, ao vê-la desfazer outros pedaços pêssego com as mãos, percebi que afinal o que ela não queria era despender esforço a agarrar aquela coisa escorregadia!

Tenho feito esta experiência uma ou outra vez, para perceber se ela gosta dos alimentos (e para que ela também o descubra). Contudo, não quero que este instrumento esteja presente em todas as refeições, porque não é um objeto que nós adultos usemos, como a colher ou o garfo, e que ela tenha de aprender a manipular. Para além disso, no caso de alimentos mais fibrosos como é o pêssego, ela só consegue obter o sumo, pois a polpa fica no interior da tetina.

Em alternativa, quando vejo que se desinteressa dos alimentos porque tem dificuldade em segurá-los, agarro-os eu, ela coloca as mãos em volta e aproxima-os da boca a seu gosto.


Neste momento, passou mais de um mês e meio e ela vai petiscando, com as suas mãos, pêssego, melão, melancia, pera, ameixas, abrunhos...
Estava muito recetiva ao pão, mas fez uma reação alérgica e vamos ter de esperar pela consulta de alergologia para o poder voltar a comer.
Também revelou gostar de frango. Há dias, ficou cerca de um quarto de hora com um pedaço na boca! Tanta volta deu que conseguiu desfazê-lo e engoli-lo!

E, surpreendentemente, na semana passada, abriu pela primeira vez a boca com gosto para comer uma colherada de pera cozida! Depois disso, já o fez para comer maçã cozida, pêssego esmagado, papas... Enfim, tudo o que seja doce!


Neste momento faz-me sentido que também coma alguma sopa. Será a avó quem ficará com ela durante o dia, quando eu regressar ao trabalho, e sei que não está muito à vontade para a deixar comer os alimentos inteiros. Para além disso, sem que eu esteja presente para que possa mamar, acredito que a quantidade de alimentos ingerida em BLW não seja suficiente. E como apenas petisca frutas e carne, recusando os legumes inteiros, esta é a forma que encontro de os ir incluindo na sua alimentação.
Assim, tenho lhe dado sopa à colher alternada com fruta, ou misturando as duas na mesma colher. Faz umas caretas, mas vai engolindo... Não vai muito além das seis ou sete colheres (pequeninas!), mas já é um grande progresso!

Que aprendizagens retiro de tudo isto?
Que mais importante do que escolher um método de introdução alimentar, há que iniciar esse processo tranquilamente e ciente de que é possível que nem tudo corra bem à primeira. O mais provável é que seja um longo percurso, cheio de avanços e recuos.
Há que vivenciar os momentos de desinteresse ou recusa do bebé em relação aos novos alimentos de forma paciente, mas não deixando de insistir e acreditando que, mais cedo ou mais tarde, ele há de dar sinais de interesse e aceitação relativamente a algo.
Também acho que não há nada de errado em ir experimentando diferentes formas de dar comida ao bebé, mesmo que em algumas ele tenha um papel mais passivo, ou que difiram um pouco do modo como esse alimento é habitualmente consumido. Para além disso, comidas trituradas fazem tanto parte da nossa dieta alimentar como alimentos inteiros, pelo que não vejo necessidade de excluir totalmente sopas e papas deste processo.

Cá em casa, não estamos portanto a seguir de forma pura o Baby-Led Weaning, embora continuemos a acreditar nos seus benefícios. Em vez disso, estamos a ler os sinais que a nossa bebé nos vai dando diariamente e a articulá-los com aquilo que nós vamos sentindo.
Caramba! Apesar das evidências, nunca me tinha apercebido de que alimentar alguém está de facto  impregnado de uma grande carga sentimental... Não admira que as avós queiram sempre que comamos só mais um bocadinho!

 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

De bebé às costas!

 
 
Cá em cá, tornámo-nos fãs da Ergobaby!

A Ergobaby, para quem não conhece, é uma mochila para transportar bebés. O modelo que adquiri dá para crianças dos 0 aos 36 meses, podendo estas ser transportadas de três maneiras: à frente, de lado ou às costas.

Infelizmente não a comprámos logo que a bebé nasceu. Teria sido muito útil na fase mais complicada das cólicas...
Como é um investimento acima dos 100 euros e eu não me tinha dado particularmente bem com o pano nem com o sling que me emprestaram, devido aos problemas de coluna que tenho, não quis arriscar a comprar algo que poderia ficar guardado no armário. Para além disso, tinham me dado um marsúpio da Chico, com o qual eu me sentia ainda menos confortável...
Contudo, há três meses atrás, fui a um encontro de mamãs, sendo a sua maioria adeptas do babywearing. Comentei com a amiga responsável por esse encontro que tinha imensa pena de não poder transportar mais vezes a minha bebé dessa forma. Ela falou-me da sua experiência, já com dois filhotes, e de como a sua mochila era extremamente prática e confortável. Se não estou em erro, a dela era uma Manduca... Vim para casa a pensar nisso, fiz as minhas pesquisas, recolhi opiniões e acabei por optar por uma Ergobaby.

Estou muito satisfeita com a minha escolha!
A mochila está concebida de modo a que o peso da criança fique distribuído sem forçar nenhuma parte específica da coluna. A minha bebé pesa atualmente 8 quilos e eu consigo dar um passeio com ela (com as mãos livres!), sem ficar aflita das costas! Tem alças acolchoadas que proporcionam uma boa sensação de conforto.
Consigo pôr e tirar a bebé com facilidade e rapidamente, mesmo sem ajuda, pois tem um sistema de ajuste com fivelas que funciona muito bem.

Sem a mochila, as idas à praia ao longo deste verão teriam sido bem mais complicadas. Muitas vezes, vou sozinha com a bebé. Levo a minha mala, o saco de muda de fralda, o guarda-sol... Poder transportar a bebé ao peito e ter duas mãos livres para carregar estas coisas é fantástico!

Nas caminhadas com os cães pelo pinhal, agora que os terrenos estão mais secos e amolecidos, o carrinho de passeio tinha tendência a enterrar-se. A bebé passou a ir às minhas costas ou do pai, este problema ficou resolvido e agarrar as trelas dos cães tornou-se também mais fácil!

Mas os momentos em que tenho sentido a mochila como uma verdadeira aliada são aqueles em que a minha bebé não consegue dormir. Ultimamente, à noite, tem acordado cerca de meia hora depois de adormecer, e chora, chora, contorcendo-se no nosso colo... Ainda não consegui perceber a causa deste desconforto, que se repete diariamente, embora desconfie que esteja associada ao nascimento dos dentes. No entanto, descobri que a forma mais rápida e eficaz de a acalmar é colocando-a na mochila, de preferência pele com pele. Caminho pelo quarto durante algum tempo, cantarolando, ela entrega-se ao conforto do embalo e deixa-se adormecer.
 
Transportar os bebés junto a nós é algo inerente à nossa espécie, mas que foi caindo no esquecimento nas sociedades ocidentais, especialmente ao longo do último século.
É bom saber que há cada vez mais mães a quererem recuperar este hábito e que existem cada vez mais opções no mercado que facilitam esta escolha!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Muito se entende antes de se falar!

Cá em casa, sempre falámos muito com a nossa bebé.
 
Há dias, uma amiga minha, que também foi mamã há alguns meses, falou-me que lera ou fora aconselhada, não me recordo bem, a falar frequentemente com o seu bebé, para estimular o desenvolvimento da fala. Respondi-lhe satisfeita que, de forma ora mais ora menos consciente, sempre o fizera desde que a minha filha nasceu.
 
Enquanto faço as tarefas domésticas, sempre andei com ela atrás de mim pela casa, deitada na espreguiçadeira quando era mais pequena, sentada na cadeira da papa ou na cadeirinha de passeio agora que está maior. E habituei-me a ir descrevendo o que estou a fazer... "A mamã agora está a dobrar a tua roupa" ou "Estou a acabar de arrumar a loiça e a seguir vou dar-te miminhos" são apenas dois exemplos do tipo de afirmações que profiro ao longo dos dias...
Ao vesti-la, por exemplo, também criei o hábito de ir falando, pedindo-lhe que me dê o braço para o passar pela manga, ou dizendo-lhe que vou enfiar um pé e depois outro nas pernas das calças.
E, às vezes, ao brincarmos com os peluches, também aproveito para os descrever...
 
Também falo diretamente para ela, não só agora que já reage com sorrisos e respondendo-me na sua linguagem própria, mas também quando era mais pequenina e apenas ficava a olhar para mim
Chamo-lhe nomes fofinhos, alguns inventados por mim (o pai inventa-lhe canções!)... 
Repito os sons do seu palrar ou respondo-lhe com um novo som, fomentando assim o desenrolar de deliciosas conversas só nossas.
De há uns tempos para cá, repito frequentemente determinadas brincadeiras de palavras. "Como é que faz o gato? Miau, miau!", digo enquanto me olha séria. "E como é que faz o cão?", que a faz soltar a primeira gargalhada. "Uoff, uoff, uoffff!!!", e aqui ri, ri...

 
Não sei o que é que ela compreende do que eu digo e quando comecei a falar-lhe não o fiz racionalmente, esperando que entendesse o que quer que fosse. Tendo em conta que passamos todo o dia juntas, fui sentindo necessidade de falar com ela e foi isso que fiz...
Depois comecei a pensar que, se ela aprende através da experiência, ajudá-la-ia a desenvolver a linguagem, se ouvisse frequentemente falar. E então começaram a surgir alguns momentos em que uso a fala mais deliberadamente.
 
Há estudos que indicam que aos seis meses os bebés já são capazes de entender um grande número de palavras, mas há também quem acredite, mesmo que apenas com base empírica, que eles nos entendem desde sempre.
E estas ideias remetem-me para um pensamento que vai um pouco ao encontro do meu último texto, sobre os rótulos que colocamos às crianças. Até que ponto é que aquilo que dizemos sobre os nossos bebés, diante deles, não está a ser captado e processado, mesmo que com algumas limitações, influenciando o decorrer dos acontecimentos?
 
Ou seja, pegando em exemplos práticos...
Porque é que, no fim de semana passado, a minha bebé, que estava tão bem disposta, desatou a chorar ao ir para o colo de uma pessoa amiga, que começou por perguntar se ela iria estranhá-la?
E será que o facto de já ter dito algumas vezes que a minha bebé não está muito entusiasmada com os novos alimentos tem repercussões reais neste seu desinteresse?
E é possível que, por já ter ouvido vários elementos da família dizerem que, quando chora, só a mãe a faz parar, isto se tenha tornado mesmo verdade?
Não sei... Fica aqui a ideia para refletir...

De qualquer modo, acho que a maioria de nós adultos tem este péssimo hábito de falar das crianças como se elas não ouvissem... E isso é algo que quero melhorar!
Falar dela não, falar para ela!
 
 

terça-feira, 28 de julho de 2015

Ao colocarmos rótulos nos nossos filhos influenciamos a pessoa que eles são!


Cá em casa, queremos evitar rótulos!

Mas isto nem sempre é tão fácil como pode parecer de antemão...

Apercebi-me disso pois fui a um encontro sobre Disciplina Positiva, onde nos foi sugerido um pequeno jogo. Em vez de nos apresentarmos, deveríamos escolher um dos nossos filhos e falar no seu lugar, apontando as suas principais características.
Apesar da minha bebé ser tão pequena, foi mais fácil do que imaginava aderir a esta brincadeira. De facto, já consigo caracterizar alguns aspetos da sua personalidade...
Depois de todos os participantes o terem feito, foi nos comunicado o objetivo do exercício: tomarmos consciência do que pensamos dos nossos filhos, dos rótulos que lhes colocamos e de como isso pode afetar quem eles realmente são.
 
Vim para casa a pensar nisto.  Já não algo era novo para mim... Já o tinha lido e ouvido aqui e ali, sendo uma verdade já bastante interiorizada e que eu achava que estaria (e iria continuar) a pôr em prática.

Já estive em situações em que, perante uma criança mais calada e envergonhada ou que se recusa a dar um beijinho aos presentes, os pais justificam o seu comportamento com um "Ele é sempre este bichinho-do-mato!".
Se essa criança já tem tendência para ser tímida, não a ajudará certamente sentir-se exposta e rotulada perante outras pessoas, que ainda por cima lhe são estranhas.
E eu pensei que iria ter muito cuidado para não fazer algo semelhante quando fosse mãe...
Contudo, já dei por mim a fazer algo parecido. Por volta dos três meses, a minha bebé passou por uma fase em que chorava sempre que estava diante de pessoas pouco familiares. Dei por mim, a justificar-me com "Ela é desconfiada" ou "Ela estranha as pessoas".

Também já presenciei momentos em que uma criança tenta fazer prevalecer a sua vontade, mesmo que em algo de pouca importância, sendo  logo apelidada de "teimosa".
Pois ainda esta semana, dei por mim a dizer ao pai, acerca da nossa bebé: "Ela é pequenina, mas já tão teimosa! Olhando para qualquer um de nós, tem a quem sair..."

E quase certamente todos já ouvimos adultos dirigirem-se a crianças ou falarem delas como se não estivessem presentes, com frases deste tipo:
- És uma cabeça-no-ar!
- Despacha-te! És sempre o último!
- É um pisco! Não come nada!
- A irmã é muito mais trabalhadora!
- Matemática não é com ele. Sai ao pai...
Provavelmente, somos agora adultos que conseguem, numa ou noutra situação, reconhecer-se no papel dessas crianças... Todos, em maior ou menor número de situações, fomos (somos!) rotulados!

E isso influenciou a pessoa que nos tornámos? Acredito que sim. Os bons e os maus rótulos...
Se sempre escutei dos meus pais que tinha jeito para escrever, tal motivou-me a escrever cada vez mais, com confiança. A prática e a convicção no meu valor fizeram com que evoluísse na escrita,  aperfeiçoando essa minha habilidade.
Por outro lado, estava a tentar lembrar-me de um rótulo que me tivesse influenciado negativamente e nada me ocorre, pelo que parece que a este nível os meus pais fizeram um bom trabalho! Sou teimosa sim, mas isso não só traz o mau como também o bom!

Acredito que uma criança, ao ouvir constantemente que é mal-educada, chega a um ponto em que já não se esforça por se comportar melhor, pois acredita que é impossível livrar-se da imagem que carrega. Se é rotulada de "molengona" e "preguiçosa", sem que consigam reconhecer o seu esforço por ser mais rápida e despachada, agarrar-se-á ao rótulo que lhe foi dado e agirá cada vez mais em conformidade com ele. Se afirmam frequentemente que não é boa aluna, acabará por acreditar que não vale a pena estudar, pois nunca conseguirá obter boas notas.
E estes são pequenos exemplos entre a enorme diversidade de rótulos, que temos tendência para usar: hiperativo ou demasiado parado, desorganizado ou muito perfeccionista, coscuvilheiro ou indiferente a tudo, que não abre a boca ou é demasiado falador... Enfim...

Não acredito que consigamos não estabelecer uma imagem das pessoas e, mais concretamente dos nossos filhos. É inerente ao ser humano esta capacidade/necessidade de categorização. Ajuda-nos a compreender o mundo em que vivemos e (re)conhecer quem somos.
Mas acredito que estando mais conscientes dessa imagem, possamos escolher o tipo de atitudes e palavras que usamos, de modo a ajudarmos os nossos filhos a desenvolver o que de melhor há no seu caráter e a aprender a lidar com os aspetos menos positivos.

Uma boa maneira de nos consciencializarmos é jogando o referido jogo. Vamos lá?
O meu nome é... Os meus pais chamam-se... E eu sou...

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Fraldas de pano para a noite

Cá em casa, a bebé usa fraldas reutilizáveis há seis meses e meio.
 
Contudo, as fraldas que usa para dormir não são as mesmas que usa durante o dia.
Têm de ser fraldas com maior capacidade de absorção, pois são usadas durante muito mais horas.
 
Como capa exterior, desde que a bebé teve uma dermatite de contacto provocada pelos elásticos das fraldas, passámos a usar capa de lã. Temos uma da Fluffy Diapers e outra da Disana.


Optei por estas capas por dois motivos. O principal foi o facto de não ter elásticos a vincar-lhe a pele sensível durante todas aquelas horas de sono. O segundo motivo foram as propriedades curativas da lanolina presente na lã (antimicrobiana e desinfetante), que ajudam a restabelecer o equilíbrio natural da pele.
Inicialmente tinha algum receio de que pudessem ser quentes e de que a bebé acordasse transpirada, especialmente agora nos dias de mais calor. Contudo, a lã apenas mantém a temperatura do corpo, não o aquece, e permite que a pele respire. Ela tem dormido bem e nunca acordou transpirada.
Também tinha algum receio de que a lanolização das capas fosse um processo complicado e que não corresse bem à primeira. Afinal é algo simples...
Estou muito satisfeita com qualquer uma destas capas!

No interior, vario entre três tipos de fraldas, dependendo das que estão para lavar.

As minhas preferidas são as Hemp Hour Strap da Babyidea. Apesar de já por si serem extremamente absorventes (até porque na zona do rabinho têm quatro camadas de tecido), uso com uma pré dobrada (dobrada em três partes retangulares) e um absorvente de microfibra (3 camadas) no interior. Coloco ainda um liner stay dry, para a pele da bebé se manter enxuta.


Após cerca de 12 horas, ainda nunca encontrei as fraldas completamente ensopadas, ou seja, se fosse preciso, ainda absorveriam mais.
Também têm a vantagem de, mesmo com a pré dobrada e com o absorvente extra, serem pouquíssimo volumosas.
O senão é que apenas tenho duas fraldas destas, pelo que me vejo obrigada a também usar as outras... Talvez qualquer dia adquira mais duas (comprei o par), até porque são de tamanho único e durarão até ao desfralde.

Quando as Babyidea estão para lavar, uso as ajustadas da Fluffy Diapers, também de cânhamo. No interior coloco dois absorventes de cânhamo (que vinham com a fralda) e um de microfibra com três camadas. Uso igualmente um liner stay dry.


Quando retiro a fralda, normalmente está no seu limite de absorvência, mas nunca tive fugas.
Apesar de os elásticos não marcarem as pernas da bebé, como acontecia quando usava capas de PUL (de poliuretano laminado, mais vulgarmente conhecidas por capas impermeáveis), deixam sempre pequenos vincos e isso é também um aspeto que as coloca em desvantagem relativamente às outras.
Para além disso, não vão servir até ao desfralde e não é possível usá-las com mais absorventes, pois ficariam muito apertadas.

Em último caso, uso uma pré dobrada com a dobra de jornal, colocando um absorvente extra de microfibra com três camadas. Também aqui uso um liner stay dry. Neste caso,  prendo-a com um snappi.


Quando retiro a fralda, de manhã, está também ensopada, mas até hoje não me desiludiu.
A minha bebé mexe-se muito enquanto lhe mudo a fralda e tenho dificuldade em usar as pré dobradas. Esta é para mim a grande desvantagem e o motivo por que só recorro a elas quando não tenho mais nenhumas.

Não sei se estas fraldas durarão até ao desfralde ou se terei de ir fazendo ajustes. Ficaria satisfeita com estas, mas já percebi que há vários fatores que podem fazer com que precisamos de alterar o tipo de fraldas que estamos a usar: tamanho do bebé, quantidade de chichi que faz, problemas/reações da pele...
Felizmente, há cada vez mais pessoas a ingressar no mundo das fraldas reutilizáveis e a partilhar informação, pelo que se torna mais fácil irmos encontrando aquilo que mais se adapta às nossas necessidades.
Talvez um dia sejamos uma maioria... Era bom! 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Primeiras experiências em Baby-Led Weaning...

Cá em casa, a nossa bebé começou a explorar novos alimentos.

E quando escrevo "explorar" é mesmo a isso que me refiro...
 
Depois de muito ler em livros e outros blogues, recolher opiniões e experiências em grupos na internet, ver vídeos, ouvir a opinião da pediatra e pensar muito, muito, decidimos que a introdução dos alimentos sólidos se faria através do método Baby-Led Weaning.

Baby-Led Weaning?! O que é isso?
Fazendo uma tradução da expressão, será qualquer coisa como "desmame conduzido pelo bebé". Contudo, tal não significa que é o fim da amamentação. Esta continua a ser a fonte do seu alimento principal, mas o bebé tem um papel ativo na iniciação da alimentação complementar com sólidos. Isto acontece pois, em lugar de lhe serem dadas sopas e papas, à boca com uma colher, nas quantidades definidas pelos adultos (normalmente os pediatras), são lhe disponibilizados os alimentos (sem estarem triturados) para que ele os explore com as mãos. É ele que decide o que quer comer e em que quantidade.

Futuramente, penso escrever sobre as vantagens do Baby-Led Weaning (BLW), bem como do que nos motivou a esta escolha, mas, neste momento, vou me centrar em relatar como foram os primeiros contactos da bebé com a comida e em partilhar os meus pensamentos daí emergentes.

No primeiro dia, cortei a cenoura em palitos e cozi a vapor.
Coloquei um palito sobre o tabuleiro da sua cadeira e, como não estava a dar-lhe atenção, peguei nele e ofereci-lho. Ela agarrou-o e levou-o à boca. Partiu-se ao meio (penso que devia tê-lo cozido um pouco menos e talvez não tivesse sido má ideia cortá-lo mais grosso) e ela ficou a explorar uma parte.  Levou-a à boca, várias vezes, até ficar com uns pedacinhos lá dentro, que começou a mastigar. Cuspiu um desses pedacinhos e tentou engolir o outro.
Foi aqui que o reflexo gag entrou em ação! Ficámos a observá-la, tentando permanecer tranquilos, enquanto puxava o vómito. Ao fim de poucos segundos, conseguiu ver-se livre do bocadinho de cenoura, mas acabou por vomitar um pouco de leite que ainda teria no estômago. Tinha mamado enquanto eu fazia o almoço...
Não ficou assustada, continuou bem disposta, mas não mostrou mais interesse em levar as cenouras à boca... Ainda agarrou nelas, uma ou outra vez, agitando as mãos para cima e para baixo, mas nada mais...
Não foi uma experiência muito positiva, mas deu para percebermos que os mecanismos de defesa do bebé são mesmo acionados de modo a evitar que se engasguem (que era o nosso medo!)...


No segundo dia, tínhamos planeado dar-lhe brócolos, mas ela adormeceu, enquanto eu fazia o almoço.
À hora do lanche, estava desperta, pelo que achámos que seria uma boa altura para a introdução de um novo alimento. Já não havia brócolos, pois eu e o pai tínhamo-los comido, mas eu ia comer um pêssego, que partilhei com ela.
Mostrou-se interessada em agarrá-lo, mas, como era muito suculento, fugiu-lhe muitas vezes entre os dedos, antes que o conseguisse levar à boca. A partir do momento em que provou o seu sabor, não mostrou novamente interesse em colocá-lo na boca.
Fiquei a pensar que talvez não estivesse ainda preparada para novos alimentos. Nunca tinha lido nenhum relato de que as crianças desistissem de pôr a comida na boca, depois de tomarem conhecimento do seu sabor. E, em todos os vídeos que vi, elas não perdiam o interesse como aconteceu com a minha bebé. Tinha uma expetativa diferente, mas tentei não desanimar!


No terceiro dia, novamente à hora do lanche, ofereci-lhe melancia.
De início, pareceu outra vez interessada, pegou no pedaço com alguma dificuldade, mas conseguiu levá-lo à boca. Chupou-o, tendo se soltado um pedacinho, que ela ficou a mastigar. O pedaço era mesmo muito pequenino, mas mesmo assim foi o suficiente para que, mais uma vez, o reflexo gag fosse acionado e ela vomitasse, olhando-me com ar aflito.
Não quis mais colocar a melancia na boca, embora tenha permanecido bem disposta. Obviamente não insisti...
Mas fiquei a pensar que queria fazer BLW para que a hora da refeição fosse algo agradável e o facto de ela vomitar não estava a ser de todo agradável! Para além disso, o meu receio de que ela se engasgasse, em vez de desaparecer com o que ia vendo a cada dia, nesse preciso momento tinha aumentado, porque lhe observava muito menos destreza e interesse do que imaginara.

 
 
Então, conversei com o pai, recolhi opiniões junto de outras mães com mais experiência em Baby-Led Weaning, e tomei a decisão de lhe dar sopa à experiência.
Usando as palavras de uma amiga minha, pusemos a hipótese de que a nossa bebé fosse "mais tradicionalista" e gostasse mais que lhe déssemos a comida à colher...
 
Será que pensámos bem?
A primeira colher ainda lhe entrou na boca (talvez julgasse que era o medicamento das cólicas, de sabor adocicado, que tomava quando era mais pequena!)... Fiquei satisfeita porque não se agoniou, apesar das caretas! Contudo, nas vezes seguintes em que estendia a colher,  virou sempre a cara, fazendo-se desinteressada e eu não quis forçá-la
 
Partindo deste princípio de não usar a força, que é fundamental no BLW, e do qual não pretendíamos abdicar, tomámos nova decisão: em alguns momentos vamos oferecer-lhe os alimentos inteiros, noutros iremos oferecer-lhe sopa para que a explore da mesma maneira.
Haverá quem defenda que isto já não é BLW... Não me importo muito com nomenclaturas, mas com aquilo que acredito resultar melhor com a nossa bebé! E afinal, a sopa pode não fazer parte da dieta das mentoras deste método, mas faz parte da nossa! E a mim tranquiliza-me vê-la provar novos alimentos sem se agoniar ou vomitar!
 
Assim, ao almoço tem brincado com a colher e com a tijela da sopa! Nesta brincadeira, acredito que esteja a aprender...  Mesmo não comendo nada visível aos nossos olhos, vai se habituando aos novos sabores e até já conseguiu levar a colher uma vez ou outra com correção à boca (embora se mostre muito mais fã do cabo!).
 
 
 
Ao lanche, temos lhe oferecido fruta e legumes inteiros. A banana foi a que suscitou maior interesse até agora, mas continua a ficar agoniada e emite o som "aaaa", olhando para mim com alguma aflição...
 
 
Estamos a viver tudo isto com tranquilidade e sem pressas, mas tal só está a ser possível porque eu estou com ela em casa e estarei nos próximos dois meses (pedi Licença Parental Alargada, como relato neste texto). Se tivesse ido trabalhar no mês passado, como estava inicialmente previsto, ela estaria ainda menos preparada e nós estaríamos a querer que toda esta mudança acontecesse mais rapidamente.
E isso, infelizmente, é o que acontece com a grande maioria dos pais. O que me leva a pensar que muitos dos problemas associados à alimentação das crianças advém desta passagem abrupta. E isto conduz-me a outro pensamento, que já tenho tido algumas vezes desde que fui mãe: é extremamente injusto que não disponhamos de mais tempo para estar com os nossos bebés!
 
Não sei se esta estratégia que estamos a utilizar resultará. Mas, neste momento, é a que se nos mostra mais conciliável com as características da nossa bebé. O tempo o dirá...
 

sábado, 4 de julho de 2015

Seis meses de aleitamento materno exclusivo!

Cá em casa, a nossa bebé foi amamentada exclusivamente com leite materno até aos seis meses!
 
Quando engravidei e comecei a interessar-me pelo assunto, tornou-se clara para mim a importância da amamentação. Contudo, muitas das minhas amigas tinham deixado de amamentar ao fim de pouco tempo e eu ainda aceitava como natural que isto poderia acontecer-me (embora não o desejasse!). Não me passava pela cabeça que, com o tempo, com acesso a cada vez mais informação e com a vivência da experiência na primeira pessoa, algumas coisas mudariam no meu pensamento, fazendo-me dar ainda mais valor à amamentação.
 
Quem leu este meu texto, sabe que o início não foi fácil... Embora tenha conseguido manter as minhas convicções relativamente à não introdução de leite artificial (e mais uma vez tenho de partilhar a minha gratidão pela neonatologista que me ajudou!), deixei-me formatar no que toca aos horários para dar de mamar. Evitava dar de mamar se não tivesse decorrido um intervalo de pelo menos duas horas (mas a verdade também é que estava a ser tão doloroso que não sei se o poderia ter feito de outra maneira, mesmo sabendo o que sei hoje...) e cheguei a usar uma aplicação do telemóvel para monitorizar a duração e os intervalos entre as mamadas.
Gradualmente fui me desligando deste tipo de controlo e passei a dar de mamar sem olhar o relógio.
Se nós adultos não comemos exatamente às mesmas horas, nem a mesma quantidade em todas as refeições, e nem sempre sentimos fome ao fim do mesmo espaço de tempo, porque é que achamos que os bebés (que ainda se estão a adaptar a tudo) devem funcionar com tanta regularidade? Não faz muito sentido, pois não? Por esse motivo, o fator tempo desapareceu e bebé passou a mamar totalmente em livre demanda...
 
 
No começo, estava bem ciente da importância da amamentação para a saúde física do bebé e tinha uma ténue ideia de que também contribuiria positivamente para o seu bem estar psicológico, fortalecendo o vínculo afetivo com a mãe... Como referi, esta era uma ideia ténue, à qual não tinha dado especial atenção. Para mim, a função primordial da amamentação era alimentar, fornecendo ao bebé todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento, mas também importantes anticorpos, que não estariam presentes no leite artificial. E era por isso que queria dar de mamar! Sou uma pessoa naturalmente afetuosa, gosto de mimar os que me rodeiam e achei que, tendo em conta estas minhas características, não era por dar de mamar que seria mais carinhosa com a minha bebé.
Mas volvidos estes seis meses, dar de mamar passou a ter uma dimensão muito mais abrangente do que a de simplesmente alimentar. Alimenta o corpo sim, mas talvez tão ou mais importante seja a forma com alimenta a alma! Minha e da bebé!
Se, de início, ela mamava de olhos fechados ou fixando o vazio, e já assim era tão prazeroso observá-la, mais especial se tornou, quando passou a procurar o meu olhar e a parar nele com amor. Um amor tão puro e doce!... Um amor que eu não conhecia e que até hoje só encontrei na inocência do seu olhar!
Se inicialmente ela abocanhava a minha mama instintiva e desajeitadamente, e já assim me deliciava ao vê-la, mais derretida fiquei, no dia em que conscientemente estendeu a sua mão para me tocar no rosto. Também este foi um toque desengonçado, de quem ainda está a aprender controlar os movimentos, mas carregado de uma ternura que não existe em mais nenhumas mãos!
Rendo-me aos seus encantos, nos dias em que dar de mamar se torna uma brincadeira, quando decide abocanhar e largar a mama, com intervalos de sorrisos e olhar maroto!...
Sirvo-lhe de consolo, nos momentos em que não se sente bem, quando só a minha maminha consegue acalmar-lhe o choro ou o mal-estar, e tranquilizá-la até adormecer...
E já que falo nisso, haverá melhor maneira de entrar num sono tranquilo?...

O facto de ter amamentado exclusivamente até agora, tem-nos proporcionado, a mim e à bebé, momentos únicos de união e partilha, que não teriam sido iguais noutros momentos do dia-a-dia...

Por tudo isto (e pelo que ainda vou descobrir!), continuarei a amamentar. Já não de forma exclusiva, porque a nossa bebé entrou numa nova etapa da sua vida, mas mantendo em mente que, até completar um ano, o leite materno deve continuar a ser o seu alimento principal!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Livros que recomendo para pais e educadores - Parte 2

Cá em casa, está a aproximar-se o momento em que a bebé deixará de mamar exclusivamente e, naturalmente, tenho procurado informação sobre a introdução dos alimentos sólidos.

A leitura deste livro foi um resultado desta minha busca.
Também desta vez, vou centrar a minha abordagem nos aspetos que foram mais significativos para mim e que ficaram gravados na minha mente, ou seja, nas minhas aprendizagens.

Mi Niño No Me Come, de Carlos González (versão em espanhol)
 
Mais uma vez, o pediatra simplifica o que temos tendência a complicar! Se as crianças não comem mais é porque não precisam... Não há que obrigá-las! E não é por isso que deixam de crescer! O crescimento depende das suas características genéticas e não da quantidade de comida ingerida... Gostei particularmente desta sua afirmação: "Na realidade, não crescemos por termos comido, mas sim comemos porque estamos a crescer".
Achei interessante a sua explicação relativamente à recusa das crianças em comer legumes. Segundo ele, essa recusa não está relacionada com o sabor dos mesmos, mas sim com o facto de ser um alimento pouco calórico. As crianças precisam de alimentos concentrados, ou seja, que tenham muitas calorias em pequenas quantidades, como acontece com o leite materno. A quantidade de verduras que o adulto acha que a criança deve ingerir (pois tem a ideia de que é um alimento saudável, importante na sua dieta) é superior à que ela consegue, pois o seu estômago é bem mais pequeno! Se frequentemente se insiste para que coma mais, é natural que ganhe aversão.
Por volta do primeiro ano de idade, é comum as crianças terem uma perda de apetite ou, pelo menos, não se verificar um aumento da quantidade de comida ingerida até então, contrariamente às expectativas dos pais. Isto acontece pois deixam de crescer ao ritmo avassalador com que estavam a crescer até aí.
O autor também refere que, como qualquer animal, o ser humano não só sabe a quantidade, como o tipo de alimentos de que necessita. Assim, se disponibilizarmos alimentos variados e de qualidade, e dermos liberdade à criança, ela escolherá aqueles de que o seu organismo necessita (podendo haver dias em que se foca num só tipo, mas acabando por variar com o passar do tempo). No fundo, estará só a dar continuidade ao que já fazia quando apenas mamava (em livre demanda, entenda-se!).
E já que falo em amamentação, aproveito para referir que lhe é dada bastante atenção neste livro. Creio que, se o tivessem lido, muitas amigas e mulheres que conheço teriam vivido esta etapa da sua vida com mais tranquilidade e teriam dado de mamar por mais tempo.
González desmistifica ainda a necessidade de respeitar sempre os mesmos horários para as refeições, bem como a permanência no mesmo espaço para as fazer, ou o "problema" de se deixar as crianças petiscarem entre elas...
Também defende que a criança é capaz de comer sozinha, desde que começa a fazê-lo, e que é a falta de autonomia, que na maior parte dos casos lhe é dada, a responsável por, a determinada altura, se desinteressar...
Também neste livro, aponta as condições ideais para o bebé iniciar a alimentação complementar (o leite materno deverá continuar a ser o alimento principal até pelo menos um ano de idade). São elas: conseguir sentar-se sem apoio, ter perdido o reflexo de extrusão (defesa que consiste em expulsar com a língua qualquer objeto estranho), mostrar interesse pela comida dos adultos e ser capaz de mostrar por gestos se tem fome ou está saciado.

Analisando cada uma delas, verifico que... a minha bebé já está pronta! Agora é aguardar que faça seis meses, para começar uma nova aventura: a das texturas, cores e sabores!


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