domingo, 15 de março de 2015

Chucha - sim ou não?




 
Cá em casa, a bebé usa chucha!

Antes mesmo de nascer, já tinha três chuchas, oferecidas por pessoas amigas.
Na altura, eu não tinha qualquer ideia concebida em relação ao facto de querer ou não que a minha bebé usasse chupeta, não tinha sequer pensado no assunto! Estavam guardadas num armário, à espera de serem necessárias. Como tinha a ideia que se isso acontecesse seria bem mais lá para a frente e que nos primeiros tempos o seu uso podia comprometer a amamentação, nem me passou pela cabeça levá-la para a maternidade, como já ouvi alguns relatos... Ainda bem!

Contudo, logo nos primeiros dias passados em casa, nos momentos em que a bebé chorava e fazia movimentos com a boca, comecei a ouvir conselhos, especialmente vindos das avós, para lhe dar chucha. Comecei por negar, convicta de que isso iria ter repercussões na forma como a bebé fazia a pega da mama, algo que ainda estava em processo de aprendizagem.

Para me sentir mais segura na minha escolha, comecei a fazer pesquisas e dei por mim a pensar que não fazia qualquer sentido usar este objeto! Embora inicialmente não tivesse nada contra chupetas, depois de ler e refletir, concluí que eram algo completamente antinatural oferecido pelos adultos às crianças! Muitas delas, no princípio, nem gostam e recusam-nas, sendo necessária alguma insistência para que as aceitem... Isto tudo para que, uns anos mais tarde quando já desenvolveram um sentimento de habituação relativamente à mesma, esses mesmos adultos andem em conflito com elas para as convencerem que não devem mais chuchar.
Ora, eu não queria ser responsável pela criação do primeiro vício da minha filha!
 
Só que mesmo depois de mamar, ela procurava o consolo da mama. E eu não lho podia dar, por ter os mamilos feridos... Nessa altura só pedia "Intervalos maiores, por favor!"...
Os avós (sim, já não eram só as avós!) insistiam na chucha. Recebemos a visita domiciliar de uma enfermeira do hospital, responsável pelo acompanhamento pós-parto, que também o sugeriu. Uma amiga nossa, enfermeira neonatologista, quando veio cá a casa, acalmou facilmente a bebé, oferecendo-lhe o seu dedo para que chuchasse e também sugeriu o uso de chupeta. Enfim...
O pai foi o primeiro a ficar convencido. E eu acabei por ceder.
Importa referir que isso só aconteceu quando senti que a bebé já fazia uma pega correta e de forma automática.

A bebé aceitou logo a chucha e, de facto, verifiquei a sua utilidade no processo de a acalmar.
Mas aqui passámos a ter um novo problema, que no meu processo de aceitação da chupeta (é claro que não foi imediato!) ainda usei como argumento contra: sempre que a deixava cair da boca (e isso acontecia muitas vezes!), chorava e um de nós tinha de ir lá colocá-la novamente. Acho que aqui o pai vacilou e chegou a questionar se não teria sido melhor fazer o que eu dizia...

Entretanto, rendi-me completamente e deixei de ver a chucha como um "bicho mau". Embora seja algo artificial, dá imenso jeito. Durante ainda bastante tempo, a bebé não conseguia levar as mãos à boca e com a chucha a sua necessidade de sucção foi sendo satisfeita. Agora que já vai conseguindo fazê-lo, é ela própria quem muitas vezes cospe a chucha e procura os dedos.

 
É interessante que não vejo (por agora e espero que no futuro) que a chucha seja para ela um vício. Há dias em que adormece com chucha, outros que a cospe, outros que nem chego a dar-lha. Tem momentos em que acalma o choro usando-a, outros em que não serve de nada. Há situações em que procura pôr as mãos na boca, outras vezes não as quer mesmo que a ajude a alcançá-las...

 
Ontem, fomos almoçar fora. A meio da refeição, ela franziu o sobrolho com "cara de poucos amigos" e ameaçou chorar. O pai esboçou imediatamente um esgar de pânico: "A chucha? Não trouxemos a chucha?! É melhor ir ao carro ver se está lá alguma!!"
Parece-me que, por agora, o vício é mais nosso, adultos!
 
Se me questiono ainda em relação ao uso da chucha? Pouco, mas ainda acontece...
O que penso nessas alturas é se, no seu lugar, nos momentos de desconforto da bebé, deveria oferece-lhe maminha. Porque isso seria o que é natural, que seria feito pelas mulheres antes da invenção das chupetas...
Mas depois tento vivenciar as coisas de uma forma mais prática e adaptada à minha realidade atual. O natural seria andarmos todos a pé e contudo já ninguém dispensa o carro, a bicicleta, o avião e afins! Isto só para dar um de ínfimos exemplos...
Há alturas em que obviamente (e ainda bem!) nada substitui o conforto da maminha. Mas passei a aceitar a chupeta como uma aliada, pois só ganho "macaquinhos no sótão" ao tê-la como uma inimiga!

 

terça-feira, 3 de março de 2015

Amamentação

Cá em casa, a bebé é amamentada exclusivamente com leite materno.
 

E eu andava, já há algum tempo, a pensar se havia ou não de escrever sobre este tema.
 
Entretanto fui a um almoço com umas amigas (já todas com filhos mais crescidos que a minha) e o tema da amamentação veio à baila. Todas elas (e também eu!), num ou noutro momento, tinham sentido constrangimentos associados ao dar de mamar. Constrangimentos estes provocados por pessoas em seu redor, ou seja, familiares, amigas e até profissionais de saúde, que certamente queriam o seu bem e que, partindo da sua experiência e conhecimentos, tentaram aconselhá-las. Estes conselhos surgiram depois de, por uma ou outra razão, essas pessoas concluírem que os bebés tinham fome. Daqui as conversas rapidamente se focaram na quantidade (insuficiente) de leite produzido, passando pela qualidade (fraca) do mesmo e terminando no... (milagroso) suplemento!
 
Esta conversa, juntamente com o facto de uma grande amiga minha ainda hoje sofrer por ter deixado de amamentar precocemente (quando o desejava tanto!), aliado a outros relatos de amigas que também passaram por dificuldades e aos imensos testemunhos de outras mães que tenho lido aqui e ali, fez com que decidisse partilhar a minha experiência.

Quero, no entanto, referir que não considero que o facto de amamentarmos ou não seja o que faz de nós melhores ou piores mães. Quem opta por não o fazer, ou é conduzido a tal pelas mais diversas justificações, poderá ainda assim desempenhar de uma forma fantástica o seu papel de mãe! O amor, esse sim é determinante! E a forma como cada um ama não é medida, no meu entender, pela quantidade de leite materno que disponibiliza ao seu bebé...

Assim, o que me leva a abordar este tema não é o querer convencer ninguém de que deve dar de mamar. É antes verificar que muitas pessoas queriam amamentar e não foram apoiadas para o fazer.

Como é que tudo se passou comigo?


A minha bebé mamou ainda na primeira hora de vida, durante o recobro (esse era um dos pontos do meu plano de parto). Acontece que fui aconselhada pela enfermeira a segurar a mama como na primeira imagem e, embora tivesse aprendido no curso de preparação para o parto que o deveria fazer como está representado na segunda, naquele momento não tive capacidade de pôr em prática estes conhecimentos e confiei no que me foi dito pela profissional de saúde que me estava a acompanhar. Coincidência ou não, a verdade é que a minha bebé não fez uma boa pega e fiquei com o mamilo direito magoado logo aí.

Durante o dia que se seguiu (ela nasceu de madrugada), assim que outra das enfermeiras se apercebeu de como eu tinha a mama, aconselhou-me a usar um bico de silicone. Eu assim o fiz, sem ter na altura muita noção de que tal poderia comprometer a pega que a minha bebé faria do peito.
A bebé foi mamando alternadamente de uma e de outra mama e, provavelmente porque continuei a segurar o peito com os dedos em forma de pinça, o mamilo esquerdo acabou por ficar igualmente com fissuras. 
Nessa altura, eu não sentia isso como um problema. Achei que era algo normal, que estava a acontecer porque a pele dos mamilos é sensível e que entretanto curaria. Estava imensamente feliz e não me sentia nada preocupada com quaisquer questões ligadas à amamentação!
 
Mas entretanto, à medida que as horas iam passando, vários enfermeiros iam passando pelo quarto para nos observar e  colocar as questões que lhes competem, nas quais se incluíam "há quanto tempo mamou?" e "durante quanto tempo?". Isto porque a bebé não poderia estar mais de três horas sem mamar e, se fosse necessário, teria de a acordar... Enfiada num quarto de hospital, quase sem dormir, completamente apaixonada por aquele novo ser e sem qualquer noção do tempo, como queriam que soubesse há quanto tempo e durante quanto tempo tinha mamado?! Tinha mamado na última vez em que acordara a choramingar e enquanto o desejou! A dada altura, dei por mim a tomar notas no telemóvel para não me esquecer... E aqui, sim, comecei a ficar stressada!

Para piorar a situação, à medida que as horas iam passando, mesmo depois de mamar, a bebé continuava com a boca à procura da mama. E, embora lhe oferecesse uma mama depois da outra, continuava a choramingar. Inicialmente eu achava que tal se devia ao facto de estar inquieta por ter recebido muitas visitas ao longo do dia e fiz ouvidos moucos aos comentários das mesmas, de que teria fome... Mas, nessa noite, a situação não teve melhorias, ela não parava de chorar, e uma outra enfermeira sugeriu que lhe dessemos suplemento até que ocorresse a descida do leite, alegando que o meu colostro não estaria a satisfazer a bebé. Comecei por negar (consciente do que tinha aprendido ainda durante a gravidez), mas, ao ver que a bebé continuava insatisfeita e com as normais inseguranças de quem acabou de ser mãe, acabei por ceder. Uma maminha, depois a outra e, se necessário, biberão no final!

E teria saído do hospital neste registo, comprometendo provavelmente todo o processo de amamentação, se não tivesse, na manhã em que tive alta, recebido a visita da neonatologista responsável pela alta da bebé. Se já então acreditava que nada acontece por coincidência, o aparecimento desta médica só veio reforçar a minha crença, pois foi portadora de uma mensagem que alterou de forma crucial o rumo dos acontecimentos.
Deu-me segurança ao relembrar-me que não existem leites fracos, que o colostro que estava a produzir era única e exclusivamente aquilo de que a bebé precisava... Se a bebé se mostrava insatisfeita, era porque não estava a obter todo o leite de que necessitava, em resultado de uma má pega. Quanto ao mamilo de silicone, não nos estava, a mim e à bebé, a ajudar em nada...
Ofereceu-se para me ajudar na mamada seguinte e eu, mesmo já tendo tido alta, permaneci no hospital para que tal acontecesse.
 
 
Ela ensinou-me a agarrar a bebé como na imagem, colocando o seu rabo na parte interior do meu cotovelo (dobrado num ângulo de 90°) e a sua cara apoiada na minha mão. O meu dedo polegar deveria ficar na parte de trás do pescoço da bebé, pronto para o empurrar no momento em que ela estivesse de boca bem aberta, de modo a abocanhar assim toda a auréola da mama. A outra mão seguraria a mama com os dedos polegar e indicador em forma de C.
 
 
Logo nesse momento, a bebé agarrou a mama corretamente. 

Já em casa, usei sempre esta estratégia, até o gesto de dar de mamar se tornar automático quer para mim quer para a bebé. Não voltei a usar o bico de silicone ou a oferecer suplemento à bebé. Ela fica satisfeita depois de mamar e está a crescer bem! As feridas nos mamilos demoraram cerca de três semanas a sarar totalmente (e consegui-o usando uma pomada aconselhada por uma amiga, Cicamel, num número de vezes ao dia superior ao recomendado, admito!). Foi doloroso, mas valeu a pena o esforço.
 
Agora já posso dizer algo que me parecia impossível de início: Adoro dar de mamar!
 
 
 
 

 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...