sábado, 21 de março de 2020

Dia 8 - Isolamento Profilático

"Nós somos uns privilegiados", dizia eu ao jantar. "Mãe, o que são pr#%$&=£?, perguntou a A❤, não conseguindo dizer a palavra com correção. Tentei explicar-lhes que significava que tínhamos muita sorte, quando comparados com muitas pessoas no mundo, porque tínhamos comida, água, brinquedos, livros, uma casa, acesso à internet, televisão... E é isto, estamos a enfrentar esta pandemia, num estranho e feliz conforto, mas há locais do mundo em que a chegada do vírus será devastadora. Há pessoas que não  poderão encher as despensas e os frigoríficos como nós fizemos, que não poderão recolher-se nas suas casas, porque precisarão de sair diariamente à rua em busca de alimento. Queixamo-nos do Sistema Nacional de Saúde, mas mesmo com todas as suas fraquezas, que agora serão postas à prova, ainda temos um sistema nacional de saúde. Mas o que acontecerá em alguns países africanos ou países já devastados pela guerra? Não sei como será o futuro (agora, mais do que nunca, acho que ninguém sabe!), mas uma coisa é certa: neste momento devemos sentir-nos gratos pelo privilégio da vida que temos.
E é o que tenho feito... Saboreado cada instante do meu dia da melhor forma possível.
Hoje continuámos na saga dos puzzles! Que giro ver a evolução do S♠️ a fazê-los.
Que interessante ver como o seu comportamento tem vindo a mudar ao longo desta semana. Andava com umas crises enormes, sempre que era contrariado. Gritava, batia, esperneava, atirava-se para o chão! E isto acontecia várias vezes ao dia. Tudo era "NÃO!"... E gradualmente as birras foram diminuindo, em número e intensidade... Até a sua forma de falar, que me andava a preocupar, porque parecia ter começado a gaguejar, mudou. Às vezes, as palavras ainda se sobrepõem, mas também aqui está mais tranquilo. As crianças precisam, mais do que tudo, de tempo com a família! 
Para além dos puzzles, brincámos com legos (que surpresa!), com plasticina, lemos livros e fizemos a minha filmagem da hora do conto. A A❤ esteve a fingir que era oftalmologista e que o mano estava na consulta para saber que óculos usar. Também brincaram com o pai aos médicos. A A❤ também coseu mais um bocadinho da boneca.
Eu fiz um pão, pela primeira vez. Não ficou mau (embora o meu marido diga que, se amanhã o padeiro passar na rua a apitar vai lá comprar pão!), mas teria ficado melhor se eu tivesse a farinha e o fermento certos. Escapou-me nas minhas compras, nem sequer pensei nisso!
Falei ao telefone com a minha mãe, que está um pouco em baixo com este enclaustramento (que é como ela o sente). Tentei que visse o lado positivo e tentasse aproveitar para fazer as coisas que normalmente não tem tempo para fazer e que são muitas! Arrumar os milhares de fotografias que tem numa gaveta, e que alguém (ups! eu!), há uns anos, decidiu tirar dos álbuns e misturar, achando que as ia colocar ordenadas cronologicamente. 

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