segunda-feira, 22 de maio de 2017

A importância de contar histórias

Cá em casa, contamos muitas histórias à nossa filha.
Mais eu, confesso, que sempre fui fã de livros e contos, mas o pai também não se sai nada mal...

Os livros têm estado presentes na vida da nossa filha quase desde que nasceu e ela mostrou desde logo muita curiosidade pelos mesmos. Contudo, estes livros eram maioritariamente de exploração de imagens, vocabulário e texturas, com abas ou sons.


O primeiro livro de histórias que lhe despertou verdadeiramente a atenção nem era (supostamente) adequado para a sua faixa etária e entrou na sua vida por acaso... A ovelhinha que veio para o jantar de Steve Smalllman e Joelle Dreidemy, um dos muitos livros infantis que possuo, ficou por arrumar num qualquer lugar da sala de estar. A nossa filha deu com ele e, perante o seu interesse, acabei por lhe ler a história. Tinha pouco mais de um ano e meio e, nos tempos seguintes, folheou-o e analisou-o vezes sem conta, do princípio ao fim, de trás para a frente e salteado! Pediu-nos o mesmo número de vezes para lho lermos e, com o pouquíssimo vocabulário que possuía na altura, mas com a enorme expressividade que sempre a caracterizou, ia já antecipando algumas partes da história.

Foi então que, por ter o texto tão presente na minha cabeça, decidi contar-lho com as minhas próprias palavras, numa das noites em que a fui adormecer, em substituição da habitual canção de embalar. Resultou... Ela adormeceu poucos instantes após ter terminado o reconto...E é isto que se quer, não é?
Nas noites e sestas seguintes, a estratégia foi-se repetindo. Eu entusiasmada a descobrir o meu novo talento de contadora de histórias, e ela a adormecer rápida e tranquilamente...
Gradualmente fui variando e experimentando outros contos mais tradicionais, de que me recordava, como a Branca de Neve, os três porquinhos, o lobo e os sete cabritinhos, Caracolinhos Dourados e os três ursos, etc.
Fui igualmente pondo mais livros infantis à sua disposição e, a partir deles, passou também ela a indicar-me frequentemente a história que queria ouvir antes de adormecer.


E assim se criou um hábito valioso, do qual hoje, aos 28 meses, dificilmente estará disposta a abdicar! Andamos agora numa fase de Capuchinho Vermelho e de o patinho feio, depois de um breve reinado de Cinderela... Conto-os com palavras minhas, mas também já aconteceu uma ou outra vez ler-lhe mesmo o livro, como no caso de O casamento da Gata, de Luísa Ducla Soares, que é todo em verso e perderia a essência se fosse contado de outra forma, e que (ainda!) não sei totalmente de cor (mas estou quase lá!!).

Porque é que acredito tanto no valor desses momentos diários?
Antes de mais, são momento de entretenimento e partilha, em que eu ou o pai estamos exclusivamente dedicados a ela, sem distrações de ordem alguma. Sentados na poltrona do seu quarto, com a luz apagada, somos só nós, ela e as personagens dessa história. Nos tempos que correm, entre dias acelerados com as mais variadas solicitações e com a interferência que as tecnologias têm nas nossas vidas, parece-me essencial a criação destes momentos de entrega total aos nossos filhos.
Acredito também que o facto de lhe contarmos histórias (e de, noutros momentos, lhe lermos livros) contribui para o aumento do seu vocabulário, para que desenvolva a capacidade de encadeamento de ideias (tão importante no seu raciocínio e discurso oral e que o será também um dia na aprendizagem da escrita), fomenta o seu gosto por livros e futuramente pela leitura, desenvolve a sua imaginação, permite-lhe ampliar o seu conhecimento do mundo...


Os contos são também fundamentais para o seu crescimento emocional. É fácil verificar que lhe transmitem valores....  Com os três porquinhos aprendemos que o esforço compensa, com a Caracolinhos Dourados que não devemos mexer no que não é nosso sem autorização, com a Capuchinho Vermelho que devemos ouvir os conselhos dos pais... Ao longo das histórias, a criança é também confrontada com os vários sentimentos das personagens, revendo-se muitas vezes nesse sentir, o que a ajudará a lidar melhor com as suas emoções. Apreende  o bem e mal, e, como é regra que as histórias tenham um final feliz, ganha confiança no mundo, pois percebe que, apesar das adversidades da vida, é possível que o primeiro prevaleça!
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