quarta-feira, 18 de março de 2020

Dia 5 - Isolamento Profilático

Hoje, mesmo estando todo o dia em casa, senti que não consegui fazer todas as coisas que queria nem dei toda a atenção que queria aos meus filhos. Estive muito tempo a responder a mails, de forma a apoiar os meus alunos e suas famílias, e dediquei também muito tempo a gravar histórias, quer para a minha página pessoal, quer para um projeto com outros contadores de histórias em que estou envolvida.
Quando há pouco refletia com a A❤ acerca disso, ela concluiu que talvez eu tivesse esta sensação por não termos conseguido concluir o Plano do Dia que ela fez. Concordei e disse-lhe que preferia que, já que não saímos de casa para trabalhar nem íamos para a escola, talvez fosse melhor não fazer mais planos e ir vivendo cada dia conforme nos apetecia. "E se nos esquecermos de fazer alguma coisa que queremos muito?", perguntou. "Quando queremos muito uma coisa, não nos esquecemos de a fazer.", respondi-lhe. Anuiu.
De manhã, imprimi uns desenhos da Caracolinhos Dourados, pois a A❤ soube que o seu amigo G♣️ tinha uns trabalhos enviados pela educadora sobre essa história e não descansou enquanto eu não lhe arranjei algo parecido. O S♠️ também quis fazer, mas interessou-se por pouco tempo. Então, ficámos as duas a fazer sudoku, que retirei também de um site.
À tarde, fizemos limonada. A A❤ já andava com esta ideia há semanas. Não tínhamos limões, mas ontem (esqueci-me de referir isso) a nossa vizinha do lado veio à nossa porta oferecer-nos ovos e deu-nos autorização para apanhar limões do seu limoeiro sempre que precisássemos. Já é hábito ela oferecer-nos ovos e alguns legumes da sua horta e eu sinto-me muito grata por isso, mas, nesta época de isolamento e incerteza que vivemos, valorizei ainda mais o seu gesto. Às vezes penso se, quando o vírus for controlado, não iremos sofrer momentos de grandes dificuldades que não conseguimos ainda imaginar... As economias dos países vão ficar viradas do avesso. Continuaremos a ter acesso a tudo como até então? Passaremos fome?... Só o tempo o dirá. Não vale a pena pensar muito nisto, mas cada vez acredito mais na importância da auto-sustentabilidade.

Um amigo que vai ser pais daqui a um mês, ligou-nos, pois tínhamos ficado de lhes dar algumas coisas (berço, banheira, ovo, etc.). Combinámos que passaria cá por casa ao fim da tarde, fomos buscar tudo ao sótão e deixámos no quintal. Quando chegou, vinha acompanhado dos dois filhos, pelo que se tornou um momento constrangedor. O S♠️ e a A❤ queriam ir para o quintal brincar com os amigos e eu não quis ceder no que respeita ao isolamento que procuramos fazer há já alguns dias. O S♠️ começou a chorar, pois não consegue perceber o que se está a passar. Tive de o distrair com uma vídeo-chamada para os avós... A A❤ começou por insistir, mas percebeu e aceitou.
Depois do lanche, os miúdos viram um filme. Eu andei entretida com as minhas coisas.
Neste dia, brincámos ainda com os bonecos de papel e com o livro-casa, com as bonecas, com os legos, lemos livros, dançámos e telefonámos para a família e para alguns amigos.
Ao adormecer, a A❤ disse-me, entre outras coisas boas do seu dia: "Sinto-me grata por nenhum de nós nem da nossa família ter apanhado o vírus."

2 comentários:

  1. A partilha dos momentos encurta mesmo a distância. É bom ler-te, é como se estivesse aí convosco!
    Beijinhos nossos

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    Respostas
    1. Mil beijinhos para vocês e um abraço bem apertado!
      Escrever para mim também me faz sentir mais perto de todos e curiosamente de mim própria... Já para não falar daquele "problema" de memória, que assim é de algum modo colmatado! :)

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