Cá em casa, somos três humanos e três animais de quatro patas!
E, numa casa com tantos animais, acontecem frequentemente peripécias que tem a sua graça partilhar... Tem graça agora, porque no momento em que acontecem nem sempre se pode dizer o mesmo!
Um dos nossos quadrúpedes é uma gatinha, que apareceu no nosso quintal, estava eu grávida.
Deitava-se muitas vezes sobre a minha barriga gigante a fazer ronrom e, hoje em dia, gosta de se aninhar junto à bebé quando ela está a mamar ou a dormir.
E estava tudo muito bem se ficasse por aqui... Mas não! Quem a quer ver é enfiada no berço da bebé, escondida na caixa das roupas sujas dela ou até mesmo dentro do roupeiro! Leva ralhetes e mais ralhetes (pequeninos, admito, porque acabamos por lhe achar uma certa piada), mas não troca por nada o conforto de estar aninhada no meio das coisas da dona pequenina.
Zangámo-nos com a gata mais a sério uma vez, no Dia dos Namorados. Tínhamos reservado uma mesa num restaurante distante da nossa casa, chovia bastante e já estávamos atrasados (a bebé tinha pouco mais de um mês e ainda nos estávamos a adaptar à logística das saídas). Tal não foi o nosso espanto quando vamos colocar a bebé no ovinho e verificamos que... estava ensopado de chichi!!! Teria sido o cão? Impossível! O ovo estava em cima da mesa da casa de jantar e a gata era a única que conseguia lá chegar. Mas o que teria passado pela cabeça da gata?! Não dizem que os gatos são super asseados? Felizmente, tinham nos dado um ovo em segunda mão, que usámos nesse dia para transportar a bebé no carro. Mas não era compatível com o carrinho... Como é que a levávamos para o restaurante? Lá fomos procurar a cadeira para mais de 9 kg, que estava guardada nem nos lembrávamos onde, dado que só seria usada daí a muitos meses. Depois, foi preciso ajustá-la para as menores dimensões, incliná-la horizontalmente o mais possível e verificar se era possível aí transportar a bebé em segurança. Concluímos que sim e saímos de casa com uma hora de atraso. As pessoas no restaurante devem ter estranhado, não tanto o nosso atraso, mas o porquê de uma bebé tão pequena ser transportada numa cadeira tão grande!
Outro dos nossos animais é um cão, que apesar de já ter três anos comporta-se (e penso que se comportará sempre!) como um cachorro, especialmente no que toca a fazer disparates.
Passado poucos dias de termos regressado da maternidade, deu-me logo um grande desgosto, pois roeu um gorro de lã de recém nascido que a minha mãe tinha feito... Algumas semanas depois repetiu a proeza com um gorro oferecido por uma pessoa amiga, mas, como foi só numa pontinha e a minha mãe é muito habilidosa, conseguiu remendá-lo e ficou como novo! Só gostava de compreender porque é que ele escolheu duas peças artesanais e, por isso, com um valor sentimental associado, quando o que não falta cá em casa são peças de roupa industrial com as quais me importaria muito menos!...
No que toca a destruição de coisas, deu também conta de duas chuchas e (por agora) é só...
De início, passava pela bebé, deitada na espreguiçadeira e, se não estivéssemos atentos, ousava tirar-lha da boca! Foi por um triz que tal não aconteceu umas duas ou três vezes!
Tal como a gata, gosta da bebé, ou pelo menos é o que demonstra com as lambidelas que lhe dá assim que nos distraímos. Ela encolhe-se e depois sorri bem disposta!
Sempre que me vê colocá-la no carrinho, fica convencido que o vou levar a passear, e salta eufórico à nossa frente.
No outro dia, o passeio correu menos bem. Felizmente tinha deixado a cadela em casa, porque estava coxa, se não a confusão teria sido ainda maior...
Sinto-me bastante cómica quando levo um cão de cada lado e o carrinho ao centro...
Só com um, a volta ao bairro tinha tudo para ser mais tranquila. Só que, de repente, o cão começou a ganir e a recusar-se a andar. Apercebi-me que tinha espetado um espinho na pata, pois estávamos mesmo ao pé de um cato gigante. Eu tentei tirar-lhe o espinho, mas ele não deixava, deitava-se no chão e recusava-se a andar. Agora imaginem-me com um carrinho de bebé, parado no meio da rua, de joelhos no alcatrão a tentar ajudar o cão. Vizinhos nem vê-los! Não passavam carros! O que é que eu havia de fazer? Não podia ficar ali ao calor... Não podia obrigar o cão a caminhar até casa... Não podia deixá-lo ali... Entretanto, uma amiga ligou-me, pedi-lhe socorro e ela pôs se a caminho (ainda eram uns quilómetros de carro!). Felizmente, o cão conseguiu ver se livre do pico com a ajuda dos dentes e voltámos todos para casa...
A cadela já é velhota e nunca teve paciência para crianças. Por agora mantém uma certa distância, mas acho que no fundo já percebeu que a bebé é o nosso tesouro e está também ela secretamente apaixonada!
A nossa bebé terá a sorte de crescer rodeada de bichos (não referi as andorinhas que regressam todas as primaveras, os melros que passeiam no nosso quintal, nem o gato e a cadela dos avós...). Com eles estabelecerá laços únicos e viverá momentos especiais. Experienciará uma cumplicidade, sentirá um amor e um aprenderá um respeito, só conhecidos por quem teve a oportunidade de viver entre animais!
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