sexta-feira, 22 de maio de 2015

Livros que recomendo para pais e educadores - Parte 1

Cá em casa, há uma boa coleção de livros...
 
Sempre gostei de ler e, embora atualmente muita da informação que vou recolhendo seja obtida online, não dispenso a leitura de um bom livro (seja romance ou informativo), preferencialmente na versão de papel.
 
Desde o nascimento da minha filha, o meu interesse literário tem se focado naturalmente em temáticas ligadas ao desenvolvimento infantil e educação. Não é algo completamente novo, uma vez que sou professora de profissão, apenas algo que está mais apurado!
 
Das minhas leituras dos últimos tempos (por acaso não em papel), destaco estes dois livros, fazendo referência ao que mais me marcou (isto é, me fez mais sentido, tendo sido espontaneamente interiorizado) na mensagem de cada um deles. Apresento-os pela ordem pela qual os li e não por ordem preferencial.
 
Bésame Mucho, de Carlos González (versão portuguesa)
 
Achei toda a perspetiva deste pediatra extremamente interessante pois, apesar de ter uma visão diferente daquilo a que nos habituámos a ouvir acerca de como se deve cuidar dos bebés, à medida que ia lendo as suas palavras, dava por mim a pensar que tudo aquilo era demasiado óbvio para que até então só tivesse ouvido (e até pensado!) o contrário.
Ao longo do livro, faz muitas vezes referência aos nossos antepassados longínquos, mostrando que estes só conseguiram preservar a sua descendência (nós!) através de uma grande proteção dos bebés e proximidade entre estes e as suas mães. Se fosse suposto deixar os bebés chorar ou sozinhos (nomeadamente para dormir), isto teria sido feito desde sempre. Mas tendo em conta todos os perigos naturais a que estavam expostos no passado, é pouco provável que isso tenha sido aplicado aos bebés que sobreviveram e dos quais possuímos ainda carga genética.
Desmistifica também o facto de que as crianças nasçam com algum tipo de maldade ou manha, fazendo nos perceber que as suas solicitações são sinceras, necessidades sentidas que precisam de resposta.
Para além disso, defende que não se devem aplicar castigos nem se deve bater. As crianças são seres humanos como nós e devem ser respeitadas como tal. Para que entendamos a sua perspetiva, faz algumas vezes a analogia entre uma criança e um adulto na mesma situação de erro e consequente penalização. Se essa penalização aplicada a um adulto nos parece absurda, porque haveremos de a aceitar como normal nas crianças?
O livro não se fica por aqui. Explora mais ideias e, para mim, foi uma porta para uma perspetiva educacional mais significativa.
 
La Crianza Feliz, de Rosa Jové (versão em espanhol)
 
Rosa Jové tem uma visão de como se deve cuidar dos bebés muito semelhante a Carlos González. Ao longo deste livro partilha das mesmas ideias no que toca ao parto, aleitamento materno, sono do bebé, entre outros, mas não senti que este livro fosse  uma mera repetição do outro, até porque a forma como a autora explica e justifica as suas crenças é diferente. Acho que são livros complementares e um não dispensa a leitura do outro.
Para além dos temas que referi, interessou-me também a sua abordagem da introdução dos alimentos sólidos na alimentação dos bebés, que deve dar-se a partir dos seis meses e, segundo ela, ser um complemento do aleitamento materno até ao ano de idade. Ou seja, até essa altura, o leite deve continuar a ser o alimento principal, o que me faz agora todo o sentido, pois assim os bebés podem familiarizar-se com os restantes alimentos sem pressas e sem, como acontece em alguns casos, a consequente aversão!
Em relação aos desfralde, a psicopediatra é da opinião de que se deve retirar simultaneamente as fraldas de dia e de noite, pois assim a criança terá muito mais consciência do que se está a passar. Também defende que não se deve colocar a criança no bacio à espera que faça alguma coisa. No fundo, deve deixar-se a criança sem fralda (e andar de esfregona por perto!), esperando que esta naturalmente consiga dar sinais de ter vontade antes de fazer chichi ou cocó. É preciso alguma paciência e calma, mas parece-me também a melhor abordagem, sem grandes enaltecimentos ou dramas.
Gostei também da sua estratégia para lidar com as birras (embora cá por casa ainda não as haja e por isso ainda não a tenha posto em prática!). Segundo ela, devemos reagir com base em três passos: mostrar que compreendemos a criança (para que fique disponível para nos escutar), ensinar-lhe o que se espera dela nessa situação e, por fim, deixá-la escolher uma solução para o problema. Dá alguns exemplos que ilustram muito bem esta estratégia e que parecem fáceis de aplicar (se conseguirmos manter-nos calmos e pensantes, claro!).
Mais uma vez, o livro não se esgota por aqui. É de fácil leitura (pena que não exista uma versão portuguesa) e está bem organizado por temas. Abriu-me também horizontes para uma forma de educar mais consciente e positiva.


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