quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Muito se entende antes de se falar!

Cá em casa, sempre falámos muito com a nossa bebé.
 
Há dias, uma amiga minha, que também foi mamã há alguns meses, falou-me que lera ou fora aconselhada, não me recordo bem, a falar frequentemente com o seu bebé, para estimular o desenvolvimento da fala. Respondi-lhe satisfeita que, de forma ora mais ora menos consciente, sempre o fizera desde que a minha filha nasceu.
 
Enquanto faço as tarefas domésticas, sempre andei com ela atrás de mim pela casa, deitada na espreguiçadeira quando era mais pequena, sentada na cadeira da papa ou na cadeirinha de passeio agora que está maior. E habituei-me a ir descrevendo o que estou a fazer... "A mamã agora está a dobrar a tua roupa" ou "Estou a acabar de arrumar a loiça e a seguir vou dar-te miminhos" são apenas dois exemplos do tipo de afirmações que profiro ao longo dos dias...
Ao vesti-la, por exemplo, também criei o hábito de ir falando, pedindo-lhe que me dê o braço para o passar pela manga, ou dizendo-lhe que vou enfiar um pé e depois outro nas pernas das calças.
E, às vezes, ao brincarmos com os peluches, também aproveito para os descrever...
 
Também falo diretamente para ela, não só agora que já reage com sorrisos e respondendo-me na sua linguagem própria, mas também quando era mais pequenina e apenas ficava a olhar para mim
Chamo-lhe nomes fofinhos, alguns inventados por mim (o pai inventa-lhe canções!)... 
Repito os sons do seu palrar ou respondo-lhe com um novo som, fomentando assim o desenrolar de deliciosas conversas só nossas.
De há uns tempos para cá, repito frequentemente determinadas brincadeiras de palavras. "Como é que faz o gato? Miau, miau!", digo enquanto me olha séria. "E como é que faz o cão?", que a faz soltar a primeira gargalhada. "Uoff, uoff, uoffff!!!", e aqui ri, ri...

 
Não sei o que é que ela compreende do que eu digo e quando comecei a falar-lhe não o fiz racionalmente, esperando que entendesse o que quer que fosse. Tendo em conta que passamos todo o dia juntas, fui sentindo necessidade de falar com ela e foi isso que fiz...
Depois comecei a pensar que, se ela aprende através da experiência, ajudá-la-ia a desenvolver a linguagem, se ouvisse frequentemente falar. E então começaram a surgir alguns momentos em que uso a fala mais deliberadamente.
 
Há estudos que indicam que aos seis meses os bebés já são capazes de entender um grande número de palavras, mas há também quem acredite, mesmo que apenas com base empírica, que eles nos entendem desde sempre.
E estas ideias remetem-me para um pensamento que vai um pouco ao encontro do meu último texto, sobre os rótulos que colocamos às crianças. Até que ponto é que aquilo que dizemos sobre os nossos bebés, diante deles, não está a ser captado e processado, mesmo que com algumas limitações, influenciando o decorrer dos acontecimentos?
 
Ou seja, pegando em exemplos práticos...
Porque é que, no fim de semana passado, a minha bebé, que estava tão bem disposta, desatou a chorar ao ir para o colo de uma pessoa amiga, que começou por perguntar se ela iria estranhá-la?
E será que o facto de já ter dito algumas vezes que a minha bebé não está muito entusiasmada com os novos alimentos tem repercussões reais neste seu desinteresse?
E é possível que, por já ter ouvido vários elementos da família dizerem que, quando chora, só a mãe a faz parar, isto se tenha tornado mesmo verdade?
Não sei... Fica aqui a ideia para refletir...

De qualquer modo, acho que a maioria de nós adultos tem este péssimo hábito de falar das crianças como se elas não ouvissem... E isso é algo que quero melhorar!
Falar dela não, falar para ela!
 
 

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